A campanha Dezembro Vermelho, instituída em 2017 como um mês de mobilização nacional, tem como objetivo destacar a importância das ações de prevenção, apoio e garantia dos direitos das pessoas vivendo com HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. No Brasil, a situação apresenta certa contradição. Embora o país se mantenha como uma referência mundial no enfrentamento do HIV, adotando políticas públicas como a distribuição gratuita de preservativos, medicamentos antirretrovirais e a profilaxia pré-exposição (PrEP), o crescimento de casos em algumas áreas tem gerado preocupação.
Anápolis (Goiás), é um dos casos que vem apresentando um aumento preocupante. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde de Anápolis (Semusa), até setembro de 2024, a cidade registrou 367 novos casos de HIV. Isso indica um crescimento de 23% nas notificações, em comparação com o total de casos registrados ao longo de 2023, que foi de 298 casos, conforme divulgado pela Semusa. Em contrapartida a cidade de Goiânia registrou a queda de 10% dos casos, no mesmo período houve o registro de 495 casos, em 2023 houve 542 registros. O Estado de Goiás também registrou uma queda de 26% nos casos, foram 1.314 casos em 2024, contra 2.059 em 2023.
Anápolis foi premiada com o Selo Prata de Boas Práticas Rumo à Eliminação do HIV em 2024, em reconhecimento aos esforços da cidade para prevenir a transmissão vertical do HIV/AIDS e da sífilis. A certificação é parte de uma iniciativa do Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Além de Anápolis, também foram contemplados com o selo a Secretaria de Saúde de Goiás (SESGO) e os municípios de Jataí, Rio Verde e Trindade.
A atual diretoria técnica de vigilância da Semusa atribui esse aumento de casos de HIV na cidade à política de incentivo à testagem, que tem incentivado mais pessoas a procurarem os serviços de saúde e, consequentemente, aumentado a identificação de novos casos. No entanto, é essencial abrir um espaço para um debate mais profundo sobre o que realmente pode estar por trás desse crescimento. Será que o aumento de testes está revelando uma realidade maior de infecção, ou a falta de uso de preservativos e a negligência com a proteção durante as relações sexuais são fatores que devem ser levados em consideração?
Além disso, é relevante refletir sobre o aumento de casos de sífilis, uma questão que também deve ser abordada com atenção, e que será explorada em outro momento. A complexidade da situação exige uma análise mais detalhada para que estratégias de prevenção e conscientização possam ser ainda mais eficazes, garantindo que a luta contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis continue avançando no Brasil, especialmente em cidades como Anápolis.