Nesta quinta-feira (22), os docentes da Universidade Estadual de Goiás se reuniram mais uma vez em assembleia e decidiram por uma greve por tempo indeterminado. O futuro do semestre letivo vem sendo discutido desde janeiro, quando a Associação dos Docentes da UEG (Adueg) indicou a possibilidade de paralisação.
A greve tem início em 01° de março. Até lá, as aulas acontecem normalmente. Trata-se de uma paralisação sem previsão de retorno às atividades.
A decisão é mais uma parte do cenário que vem se desenrolando desde agosto de 2022, sempre com a mesma pauta central: um Plano de Carreira que viabilize as promoções entre classes dos docentes da instituição. Entretanto, a paralisação reflete outro desdobramento da situação: a recusa do Governo Estadual em responder à Adueg sobre o Plano de Carreira elaborado sem participação dos docentes.
“A insistente intransigência do governo, que se nega a atender às nossas reivindicações, somado à unidade na luta que a categoria tem construído e fortalecido a partir das mobilizações (desde o início de 2023) e do acirramento da precarização do trabalho na instituição, as/os docentes da UEG resolveram dar um basta ao desrespeito a que estão sendo submetidos”, explica o presidente da Adueg, prof. Marcelo Moreira. “Não foi uma decisão fácil, foram 3 horas de um debate cauteloso, responsável e denso, em defesa da categoria docente e em defesa da universidade”, afirma.
Entenda a situação
A mudança de classes na UEG está congelada desde 2018, o que faz com que profissionais que obtiveram títulos ao longo de sua atuação na Universidade não tenham sua remuneração atualizada conforme o nível acadêmico alcançado. Segundo dados públicos disponíveis no BI UEG, 246 docentes esperam pela atualização de titulações.
Esse cenário é causado pela existência do Quadro de Vagas, anexado ao Plano de Carreira da categoria. É esse quadro que define a quantidade de especialistas, mestres, doutores e profissionais com pós-doutorado que a Universidade deve ter. Atualmente, ele se baseia na disponibilidade financeira da instituição.
Com as promoções travadas pela existência desse Quadro de Vagas, os docentes elaboraram, em 2022, uma proposta de Plano de Carreira que não contém o anexo. A proposta foi aprovada pela Adueg e enviada à Reitoria.
A Reitoria, por sua vez, repassou a proposta para a Secretaria de Estado de Administração (Sead), que apresentou uma contraproposta. Desde janeiro de 2023, os docentes pedem acesso a essa contraproposta da Sead, mas sem resposta concreta.
Um ano de reuniões inconclusivas depois, em dezembro de 2023, uma nova abordagem teria sido adotada pelo Governo Estadual. O professor Marcelo Moreira conta: “Francisco Sérvulo, Secretário de Estado da Administração, sequer respondeu ao último ofício do Reitor”.
Quais foram os últimos acontecimentos?
O início do semestre letivo ocorreu normalmente nas Unidades Universitárias da UEG na segunda-feira (19).
Na última sexta-feira (16), quase 200 docentes da Universidade se reuniram em assembleia e aprovaram o indicativo de greve, caso o Governo não respondesse até a terça-feira (20). Sem resposta, as atividades foram paralisadas já na quarta-feira, para que a categoria se mobilizasse.
Grande apoio estudantil foi observado, bem como dos servidores técnico-administrativos. Paralisaram as atividades três câmpus (Anápolis, São Luís de Montes Belos e Morrinhos) e seis Unidades Universitárias: Nelson de Abreu (em Anápolis), Palmeiras de Goiás, Iporá, Inhumas, Laranjeiras e Itumbiara. Outras Unidades, ainda, levantaram debates e apoiaram, de outras maneiras, o movimento.