Abril azul: Mês de conscientização sobre Autismo

O mês de abril, designado pela ONU, é reconhecido pelo uso da cor azul como um meio de sensibilizar a sociedade sobre o autismo. A conscientização sobre esse tema é fundamental para combater a discriminação. Instituído em 2007 pela ONU, o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é celebrado hoje, em 2 de abril. Seu propósito é ampliar o conhecimento sobre o espectro autista, bem como destacar as necessidades e os direitos das pessoas que o vivenciam. O autismo é um transtorno neurodesenvolvimental que pode resultar em padrões atípicos de desenvolvimento, manifestações comportamentais e dificuldades na comunicação e interação social.

Para refletir a ampla variedade de características e níveis de suporte necessários, o autismo foi reconhecido como um espectro em 2013 pela American Psychiatric Association. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) engloba uma gama de desordens neurológicas que se manifestam desde o nascimento ou início da infância. Dentre elas estão o Autismo Infantil Precoce, o Autismo Infantil, o Autismo de Kanner, o Autismo de Alto Funcionamento, o Autismo Atípico, o Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação, o Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, as pessoas dentro desse espectro podem apresentar deficiências na comunicação social ou interação social, assim como padrões de comportamento restritos e repetitivos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam dois milhões de autistas no Brasil, embora haja poucos estudos no país para corroborar esses números. Estudos da OMS indicam uma prevalência significativamente maior em meninos do que em meninas, esses estudos apresentam uma prevalência cinco vezes maior em meninos do que em meninas.

A etiologia desse distúrbio é considerada multifatorial, envolvendo influências ambientais, maternas e genéticas. Apesar do aumento no número de casos diagnosticados, ainda há muitas crianças subdiagnosticadas. Acredita-se que avanços na compreensão desse campo tenham contribuído para o aumento nos diagnósticos. Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel predominante na etiologia, com distúrbios moleculares sendo de grande importância. A prevalência do diagnóstico em gêmeos monozigóticos é significativamente maior do que em gêmeos dizigóticos, sugerindo uma etiologia genética e hereditária.

Os estudos sobre o tema ainda estão em curso e há divergências quanto à ponderação de cada fator causal. Alguns enfatizam a importância das exposições ambientais e fatores maternos, enquanto outros destacam as causas genéticas como predominantes. Um estudo apontou que 35% dos casos têm causas genéticas, enquanto 60% a 65% estão relacionados a fatores pré-natais, perinatais e pós-natais ligados ao ambiente.

O uso de telas também   tem sido objeto de preocupação por parte dos especialistas, em janeiro de 2022, a revista JAMA Pediatrics publicou um estudo realizado por pesquisadores japoneses sobre a relação entre o uso de telas e o diagnóstico de autismo. O estudo acompanhou bebês de 1 ano que foram expostos a pelo menos 2 horas diárias de vários tipos de telas, como TV, smartphone, computador e tablets.

A pesquisa foi realizada entre janeiro de 2011 e março de 2014, envolvendo 84 mil crianças japonesas. Após esse período, observou-se que as crianças que usavam telas por pelo menos 2 horas diárias tinham uma maior probabilidade de receberem um diagnóstico de algum nível de Transtorno do Espectro Autista (TEA), um resultado que não foi observado em meninas. Além disso, os cientistas descobriram que a maioria das crianças analisadas, cerca de 90%, havia sido exposta às telas antes de completarem 1 ano de idade, uma prática não recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Academia Americana de Pediatria (AAP).

Sobre o tratamento, intervenções terapêuticas podem proporcionar maior autonomia e qualidade de vida às pessoas com autismo, sendo conduzidas por equipes multidisciplinares. É crucial que pais e cuidadores recebam orientações adequadas e que os ambientes sejam inclusivos e acolhedores para os autistas. O diagnóstico precoce e o acesso a intervenções comportamentais e educacionais podem resultar em melhores resultados a longo prazo.

À medida que o conhecimento sobre o autismo avança, torna-se cada vez mais claro que a conscientização é essencial para combater a discriminação e garantir que as necessidades das pessoas dentro do espectro sejam reconhecidas e atendidas. Com o reconhecimento do autismo como um espectro, novas perspectivas estão surgindo, destacando a importância de abordagens multidisciplinares e intervenções precoces. No entanto, há ainda muito a ser compreendido sobre as causas e tratamentos do autismo, enquanto os desafios persistem, os avanços na pesquisa e prática oferecem esperança para um futuro mais inclusivo e acolhedor para aqueles que vivem com autismo.

Vanessa Vieira, é Biologa, Doutora em Ciência animal na área de Cirurgia, Patologia animal e Clínica médica – pela Universidade Federal de Goiás. Mestre em Ciências Veterinárias na área de Saúde Animal – pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora da Faculdade Metropolitana de Anápolis – FAMA. (Artigo especial publicado toda sexta-feira)

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