A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira ( 9), o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da obesidade em pacientes com comorbidades. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, amplia a indicação do fármaco, que até então era autorizado apenas para o tratamento do diabetes tipo 2.
O Mounjaro é uma solução injetável aplicada uma vez por semana, por meio de uma caneta semelhante à do Ozempic (semaglutida), seu principal concorrente. A grande inovação da tirzepatida está no seu mecanismo de ação: ela é o primeiro medicamento aprovado que atua simultaneamente nos receptores de dois hormônios gastrointestinais — o GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon) e o GIP (polipeptídeo inibidor gástrico). Ambos são responsáveis por regular o apetite, retardar o esvaziamento gástrico e estimular a secreção de insulina, promovendo maior saciedade e controle glicêmico.
Estudos clínicos demonstraram que a tirzepatida tem potencial de provocar perdas de peso significativas, variando entre 12% e 25% do peso corporal inicial, dependendo da dosagem e do tempo de uso. Em pacientes com diabetes tipo 2, a medicação também se mostrou eficaz na redução dos níveis de hemoglobina glicada, sendo que mais de 90% dos pacientes alcançaram controle adequado da glicemia durante os testes.
Com a nova autorização da Anvisa, o Mounjaro poderá ser prescrito para pacientes obesos que apresentem pelo menos uma comorbidade associada, como hipertensão, diabetes ou dislipidemia. As doses disponíveis no Brasil são de 2,5 mg e 5 mg, ambas em embalagens com quatro canetas, o suficiente para um mês de tratamento.
Os preços variam conforme o canal de venda. Pelo programa da fabricante, a caixa com a dosagem de 2,5 mg custa R$ 1.406,75 no e-commerce e R$ 1.506,76 em loja física. Fora do programa, o valor sobe para R$ 1.907,29. Já a caixa com 5 mg custa R$ 1.759,64 (online) ou R$ 1.859,65 (presencial), podendo chegar a R$ 2.384,34 fora do programa.
Apesar dos resultados promissores, o medicamento exige cuidados. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náuseas, diarreia, constipação e dor abdominal. Há ainda o risco de pancreatite e uma possível associação com tumores da tireoide, observada em estudos com animais. Por isso, a tirzepatida é contraindicada para pessoas com histórico de carcinoma medular da tireoide ou síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2.
A aprovação do Mounjaro para o tratamento da obesidade é vista como um avanço importante no combate a uma das maiores epidemias de saúde pública do século. Contudo, o alto custo do tratamento pode limitar o acesso, especialmente entre pacientes do sistema público de saúde. Especialistas defendem que, para além da medicação, o tratamento da obesidade deve envolver mudanças de estilo de vida e acompanhamento multidisciplinar. Ainda assim, a chegada da tirzepatida ao mercado brasileiro como ferramenta terapêutica mais ampla pode representar um marco no controle de doenças metabólicas.