Vídeo: “É tudo inveja”, diz padre Robson sobre maior sino do mundo e críticas em Trindade

Após escândalos e afastamento, ex-líder da Afipe quebra o silêncio e lamenta apagamento de sua história na obra do novo santuário

Cinco anos após se tornar alvo de uma das maiores investigações envolvendo a Igreja Católica no Brasil, o padre Robson de Oliveira voltou a se pronunciar publicamente, desta vez, para comentar sobre o sino Vox Patris, conhecido como o maior do mundo, que foi adquirido ainda sob sua gestão à frente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade (GO).

Durante uma homilia celebrada em São Paulo, onde hoje atua após ter deixado Goiás em meio à crise, padre Robson desabafou com os fiéis. “Infelizmente, gente, como tudo na vida, a inveja toma conta dos corações, e eu fui alvo dela. Tudo inveja”, afirmou, em tom emocionado. “Por isso mesmo, deixei isso para os que me sucederam, desejando que eles façam um bom trabalho.”

O sino Vox Patris pesa impressionantes 55 toneladas, tem 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro. Encomendado na Polônia, o sino deveria ter sido instalado no novo Santuário do Divino Pai Eterno, uma obra que se arrasta há mais de 12 anos e segue inconclusa. O objeto se tornou símbolo da grandiosidade (e da polêmica) da gestão de Robson.

O religioso criticou o que vê como tentativa de apagar seu papel na realização do projeto: “Fico muito triste de ver a maneira como estão lidando com esse sino, como se ele tivesse sido feito agora, um ano atrás. Não falam nada da história verdadeira dele. Nem querem saber de falar, também.”

Em um momento mais duro do discurso, ele comentou um vídeo recente do atual padre de Trindade celebrando o sino com lágrimas. “Eu vejo o padre de lá agora, entrando debaixo do sino e falando ‘ó, isso aqui é uma vitória, é uma conquista’, e ainda chora. Chorando pelo quê? Nem sabia que esse sino existia dez anos atrás.”

Um sino cercado de fé e polêmica

O sino foi envolvido em denúncias de superfaturamento: enquanto os valores iniciais giravam em torno de R$ 6 milhões, documentos indicaram que o custo real chegou a quase R$ 18 milhões. Em 2020, o nome de Robson esteve no centro da Operação Vendilhões, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), que investigou o suposto desvio de R$ 120 milhões em doações de fiéis.

O processo, no entanto, foi arquivado por decisão judicial, que considerou insuficientes as provas apresentadas. A decisão não apagou as marcas do escândalo, mas também não impôs nenhuma condenação ao religioso.

Desde então, padre Robson vive recluso da vida pública, com restrições canônicas impostas pela Igreja. Transferido para a Arquidiocese de Mogi das Cruzes (SP), tem mantido uma rotina discreta, longe das grandes celebrações em Trindade, mas, ao que tudo indica, ainda com feridas abertas.

Sua fala recente revela mágoas, mas também a tentativa de reivindicar sua história. Em meio à polêmica, o sino continua em rota para o Brasil, pesado não só em toneladas, mas também em significados.

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