A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros traz um novo desafio para o agronegócio goiano. Embora a nova política comercial entre em vigor apenas em 1º de agosto, os impactos já começam a ser sentidos por empresas e produtores que dependem do mercado norte-americano para manter seus negócios sustentáveis.
O estado de Goiás é uma das regiões mais afetadas, com destaque para os setores de açúcar, etanol e proteína animal, segmentos que têm forte presença no mercado internacional. Empresas com alto volume de exportação analisam o cenário com cautela e já consideram a necessidade de ajustes na produção e até cortes na mão de obra.
Exportação sob pressão
Em Goianésia, por exemplo, a Jalles Machado, referência nacional na produção de açúcar e bioenergia, deve enfrentar dificuldades com o aumento do custo para manter seus produtos competitivos no exterior. A elevação da tarifa compromete a rentabilidade das exportações e pode refletir diretamente nas operações locais.
A preocupação se repete em outras cidades, como Mineiros e Poteirão, onde operam usinas que também destinam boa parte de sua produção para fora do país. O risco de retração nos negócios coloca em xeque investimentos futuros e ameaça empregos temporários, frequentemente contratados durante o pico da safra.
Frigoríficos também em alerta
O setor de carnes vive situação semelhante. A JBS, que possui unidades em vários municípios goianos, incluindo Senador Canedo e Itumbiara, teme uma queda na demanda internacional. As novas taxas podem desestimular importadores norte-americanos e abrir espaço para concorrentes de outros países.
Outra empresa do ramo, a Minerva Foods, com planta em Palmeiras de Goiás, também monitora a situação. Há receio de que a taxação provoque redução na escala de produção, comprometendo a renda de centenas de trabalhadores locais.
Incertezas no horizonte
Especialistas alertam que, se mantida por um longo período, a tarifa pode redesenhar o mapa das exportações brasileiras. Empresas instaladas no interior de Goiás, que já operam com margens apertadas, terão de reavaliar seus planos estratégicos e buscar novos mercados para escoar a produção.
A medida adotada pelos Estados Unidos expõe a vulnerabilidade de setores que dependem fortemente das relações internacionais e reacende o debate sobre a necessidade de diversificação de mercados. Enquanto isso, o interior goiano observa com apreensão os efeitos de uma decisão tomada a milhares de quilômetros de distância, mas com impacto direto na economia local.
