A Moderna, renomada empresa farmacêutica, está trilhando um caminho revolucionário no combate ao câncer de pele, oferecendo uma nova esperança com sua vacina experimental. O CEO da Moderna, Stéphane Bancel, anunciou recentemente que esta inovadora vacina pode estar disponível em dois anos, marcando um avanço significativo na abordagem terapêutica contra a forma mais severa de câncer de pele.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que, em 2020, ocorreram 325 mil novos casos de câncer de pele em todo o mundo, resultando em 57 mil mortes. No Brasil, esse tipo de câncer representa 31,3% dos diagnósticos, tornando-se o tipo de tumor mais frequente no país. Esses números evidenciam a urgência em desenvolver estratégias eficazes para prevenção e tratamento.
A vacina da Moderna utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mesma que demonstrou eficácia no enfrentamento de formas graves da COVID-19. Ao contrário das vacinas convencionais, as vacinas terapêuticas, como essa da Moderna, são projetadas não apenas para prevenir, mas para tratar a doença. Elas desempenham um papel crucial ao treinar o sistema imunológico do paciente para combater especificamente as células cancerígenas.
Resultados recentes de ensaios clínicos revelaram uma melhoria significativa nas chances de sobrevivência com a vacina da Moderna. Em um estudo com 157 pessoas que possuíam melanoma avançado, a vacina, combinada com o medicamento imunoterápico Keytruda (Pembrolizumabe), reduziu o risco de recorrência ou morte em impressionantes 49% ao longo de três anos, comparado à administração isolada de Keytruda. Esses resultados são uma continuação positiva dos dados de acompanhamento de dois anos, que já haviam indicado uma redução de risco de 44%.
Além disso, a diferença na sobrevivência continua a aumentar, e, encorajadoramente, a taxa de efeitos colaterais permanece estável. A Moderna está otimista de que os ensaios clínicos em curso podem formar a base para a aprovação condicional da vacina, conhecida como mRNA-4157. Um estudo de “fase 3”, envolvendo mil pessoas e agendado para esse ano de 2024, pode confirmar essa autorização condicional.
O desenvolvimento dessa vacina inovadora começa com o sequenciamento do genoma do tumor de cada paciente, identificando mutações específicas a serem codificadas. Esse método representa uma forma de medicina individualizada, adaptada às características únicas de cada indivíduo
O Inca apoia a necessidade urgente de soluções avançadas para o câncer de pele, uma vez que ele se destaca como o tipo mais prevalente no Brasil. A Moderna está comprometida em levar essa promissora vacina ao mercado, construindo uma nova fábrica em Massachusetts, nos Estados Unidos, para garantir um fornecimento amplo e atender aos rigorosos padrões da Food and Drug Administration (FDA).
Em conjunto com sua pesquisa pioneira, a Moderna também iniciou um ensaio de “fase 3” para uma vacina de mRNA contra o câncer de pulmão, demonstrando seu compromisso contínuo na busca por soluções inovadoras em oncologia. Outras empresas, como a BioNTech, também estão contribuindo para esse avanço, trabalhando no desenvolvimento de vacinas terapêuticas individualizadas contra o câncer.
O futuro parece promissor no campo do tratamento do câncer de pele, com a Moderna liderando o caminho para uma abordagem terapêutica revolucionária que pode transformar significativamente o cenário da oncologia.
Vanessa Vieira, é Biologa, Doutora em Ciência animal na área de Cirurgia, Patologia animal e Clínica médica – pela Universidade Federal de Goiás. Mestre em Ciências Veterinárias na área de Saúde Animal – pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora da Faculdade Metropolitana de Anápolis – FAMA. (Artigo especial publicado toda sexta-feira)
