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Ser mãe atípica: o lado invisível da maternidade que poucos conhecem

Relato de mãe de criança atípica expõe os desafios invisíveis da maternidade e o impacto na rotina familiar
Transtorno do Espectro Autista (TEA) Foto: Reprodução

Artigo de opinião: Ninguém imagina que a maternidade possa vir acompanhada de noites em claro, consultas intermináveis, olhares de julgamento ou a sensação constante de não se encaixar. Muitas mulheres crescem com a imagem idealizada da maternidade: passeios em família, pequenas conquistas do filho e orgulho estampado em gestos cotidianos. Mas quando a realidade foge desse roteiro, não há tempo para o luto da maternidade sonhada. É preciso agir, e rapidamente. O sofrimento, muitas vezes, acontece em silêncio.

Ser mãe atípica é viver em um mundo paralelo. É participar de festas infantis e se sentir sozinha, cercada de pessoas que não compreendem verdadeiramente os desafios do dia a dia. É perceber que amizades antigas se desfazem, não por falta de afeto, mas por uma rotina que não cabe nos calendários considerados “normais”. O isolamento, então, é acompanhado da sensação de não pertencimento.

O cansaço vai além do físico. O corpo pede descanso, mas a mente permanece em alerta constante. A rotina envolve longas esperas em clínicas de terapia, gastos altos, preocupações com bullying, exclusão e outras dores que o filho pode enfrentar. Momentos simples, como saborear uma refeição ou tomar um café em paz, tornam-se raros. A solidão silenciosa acompanha a mãe, que muitas vezes não consegue pedir ajuda, porque explicar a rotina já é exaustivo.

Para algumas, o parceiro ou os familiares se afastam, e a responsabilidade de cuidar sozinho recai inteiramente sobre os ombros da mãe. Preconceito, julgamentos e falta de compreensão aparecem como barreiras invisíveis em cada passo.

E há o futuro: dúvidas e angústias sobre a adolescência e a vida adulta do filho, sobre quem cuidará dele quando a mãe não puder mais. Essa ansiedade não é falta de amor; ao contrário, é fruto do excesso de dedicação, vigilância e responsabilidade que consome a mulher por trás da mãe.

Para todas as mães atípicas, o recado é claro: você não está sozinha. Há reconhecimento para quem enfrenta esses desafios invisíveis e coragem para continuar, mesmo diante da exaustão.

Alana de Almeida

Professora Universitária, Pedagoga, Acadêmica de Psicologia e Mãe Atípica

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