terá um novo destino, e talvez o mais simbólico de todos: será transformado em uma clínica móvel para atender crianças na Faixa de Gaza. A decisão foi revelada pelo Vaticano como o último desejo do pontífice, que morreu no último dia 21 de abril.
Segundo a Santa Sé, Francisco fez esse pedido nos últimos meses de vida, profundamente comovido com o sofrimento dos civis especialmente das crianças em meio à guerra e ao colapso da infraestrutura local. A missão foi confiada à organização humanitária Caritas Jerusalém, que ficará responsável por operar o veículo assim que o acesso humanitário à região for restabelecido.
“Foi seu último desejo para um povo a quem demonstrou tanta solidariedade ao longo do seu pontificado”, informou o comunicado. “A proximidade que ele demonstrou aos mais vulneráveis durante sua missão terrena continua irradiando mesmo após sua morte.”
O papamóvel será equipado com materiais essenciais para o diagnóstico e tratamento de doenças: testes rápidos, instrumentos médicos, vacinas, kits de sutura e outros insumos considerados vitais para manter a saúde de crianças expostas à fome, infecções e traumas de guerra. A equipe que conduzirá a clínica itinerante será formada por médicos e paramédicos treinados para atuar em regiões de conflito.
Para Francisco, cada criança era mais do que uma estatística. Ele repetia com frequência: “Crianças não são números. São rostos. Nomes. Histórias. E cada uma delas é sagrada.” Agora, com este último gesto, suas palavras ganham forma.
O gesto, além de humanitário, é carregado de significado. O papamóvel, projetado originalmente para proteger o papa durante seus encontros com multidões, agora se torna um símbolo de proteção real, à vida, à infância e à esperança, em um dos lugares mais devastados do planeta.
O Vaticano encerra a nota dizendo que o legado de Francisco “continua a brilhar” num mundo ferido por guerras e desigualdade. E talvez, em breve, uma criança em Gaza seja atendida dentro do papamóvel, e veja, ali, o reflexo de um amor que atravessou fronteiras, religiões e até a morte.