O envelhecimento da população brasileira é um processo cada vez mais evidente e acelerado. De acordo com o IBGE, em 2023 o Brasil já tinha cerca de 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando aproximadamente 15,6% da população.
Esse número praticamente dobrou em pouco mais de duas décadas, revelando uma mudança significativa na estrutura etária do país. Em Goiás, o impacto também é expressivo: mais de 9% dos habitantes já são idosos, e o Censo registrou 903 moradores com mais de 100 anos no estado. Embora não haja dados atualizados específicos de Anápolis, é possível afirmar que a cidade segue a tendência nacional de crescimento da população idosa.
Esse aumento traz desafios complexos. Muitos idosos enfrentam dependência funcional, já que cerca de 30% apresentam limitações nas atividades diárias e 7% necessitam de cuidadores. Além disso, o abandono e a negligência têm crescido como problemas sociais sérios, muitas vezes envolvendo famílias que se afastam, instituições sem condições adequadas ou falta de políticas públicas de proteção efetiva. O Estatuto do Idoso prevê punições, mas ainda há fragilidade na fiscalização e na garantia dos direitos.
Outro ponto crítico é a saúde. Idosos concentram a maior parte dos casos de doenças crônicas, como problemas cardiovasculares, diabetes e limitações articulares, exigindo atenção médica contínua e onerando os sistemas públicos de saúde. Apesar disso, os recursos para cuidados de longa permanência, acompanhamento domiciliar e equipes especializadas ainda são escassos em grande parte do país.
As projeções do IBGE apontam que até 2070 quase 38% dos brasileiros terão 60 anos ou mais, o que significa cerca de 75,3 milhões de pessoas idosas. Esse cenário reforça a necessidade de investimentos em políticas públicas que priorizem saúde preventiva, acessibilidade urbana, transporte adaptado, moradias inclusivas, programas de inclusão social e suporte psicológico.
Neste 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso, o debate vai além dos números. É preciso refletir sobre como a sociedade brasileira encara o envelhecimento, envelhecer deve ser sinônimo de respeito, cuidado e dignidade, não de abandono e invisibilidade.