Nos últimos dias, um cartaz afixado em um renomado restaurante de Anápolis tem chamado a atenção dos clientes e gerado debates sobre a importância do respeito no ambiente de trabalho.
A mensagem estampada na placa enfatiza que a dignidade e o bem-estar dos colaboradores devem ser preservados, destacando que atitudes que envolvem humilhação e constrangimento repetitivo podem causar sérios danos à saúde mental e física dos colaboradores. Esse tipo de conduta, conforme apontado no aviso, caracteriza o assédio moral – uma questão cada vez mais discutida no meio corporativo.
O tema tem ganhado espaço em diversas esferas da sociedade, sendo amplamente abordado nas redes sociais, onde trabalhadores compartilham suas experiências de forma mais transparente e aberta. Relatos de profissionais que enfrentaram situações abusivas no ambiente de trabalho revelam o impacto devastador do assédio moral, que pode levar à ansiedade, depressão e até mesmo ao desenvolvimento de transtornos mais graves, como a síndrome de burnout.
Em um bate-papo com o Advogado e Diretor de Compliance, Drº Danilo Lopes Baliza, ele enfatizou que o “assédio moral nas empresas é caracterizado por condutas repetitivas que expõem o trabalhador a situações humilhantes, constrangedoras ou degradantes, afetando sua dignidade e integridade psíquica. Pode se manifestar por meio de cobranças excessivas, isolamento, críticas constantes, boatos, desqualificação pública ou sobrecarga de tarefas com o intuito de desestabilizar o colaborador”.
Partindo desse cenário, as empresas e os gestores estão sendo cada vez mais desafiados a criar ambientes organizacionais mais saudáveis, implementando políticas claras de combate ao assédio e promovendo a cultura do respeito e da valorização dos colaboradores. O Drº Danilo, ainda complementa que “como medidas de compliance, muitas empresas têm adotado políticas internas claras sobre conduta ética, treinamentos periódicos sobre assédio, canais de denúncia sigilosos e independentes, como o Canal de Denúncias, e o fortalecimento da atuação da CIPA, que pode auxiliar na identificação e mediação de conflitos no ambiente de trabalho. Além disso, são comuns investigações internas imparciais e ações educativas voltadas à construção de uma cultura organizacional baseada no respeito mútuo e na valorização das pessoas”.
A discussão sobre assédio moral no ambiente de trabalho não é apenas uma questão de conformidade com a legislação, mas também um compromisso ético das empresas com o bem-estar de seus funcionários. Com a recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que estabelece a obrigatoriedade de o empregador adotar medidas para proteger a saúde mental dos colaboradores, o combate ao assédio moral ganha ainda mais relevância.
A norma reforça que o ambiente de trabalho deve ser seguro não apenas fisicamente, mas também psicologicamente, exigindo que as empresas implementem ações concretas para prevenir riscos psicossociais. Em um mercado competitivo, onde a produtividade e a satisfação dos colaboradores impactam diretamente nos resultados, garantir um ambiente livre de assédio se torna um diferencial estratégico para as organizações.
O cartaz do restaurante, portanto, não apenas informa, mas provoca uma reflexão importante e necessária: até que ponto as empresas e a sociedade estão comprometidas em erradicar o assédio moral? A resposta a essa pergunta determinará a qualidade das relações de trabalho e o nível de humanização nas organizações, especialmente em um contexto onde o respeito deve ser a base de qualquer ambiente profissional.
Alana de Almeida, especialista em Psicologia Organizacional. Professora no Centro Universitário Fama nos cursos de RH, Contábeis e Administração