O Governo de Goiás deu início a uma estratégia inovadora para reforçar o combate à dengue, zika e chikungunya: a soltura de mosquitos Aedes aegypti que carregam a bactéria Wolbachia. A iniciativa, lançada nesta semana, começou em Valparaíso de Goiás, Luziânia e também em Brasília, em parceria com os municípios, o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O método não elimina o mosquito, mas torna o Aedes incapaz de transmitir os vírus dessas doenças. A Wolbachia é uma bactéria natural, já presente em 60% dos insetos do planeta. Quando inserida no Aedes aegypti, ela impede a transmissão e é passada de geração em geração, até que a população local de mosquitos se torne majoritariamente incapaz de transmitir arboviroses.
Para a operação, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) realizou treinamentos técnicos e doou veículos para apoiar a logística em Valparaíso e Luziânia. A soltura conta ainda com suporte da Wolbito do Brasil, responsável pela maior biofábrica do mundo de mosquitos com Wolbachia, que produz semanalmente 4,3 milhões de insetos para Brasília e mais 2,2 milhões para as cidades goianas.
Experiências anteriores reforçam a eficácia do método. Em Niterói (RJ), por exemplo, os casos de dengue caíram até 70% após a implantação da tecnologia. Os primeiros resultados em Goiás devem ser percebidos em até dois anos.

Situação no estado
Apesar da queda expressiva de casos neste ano, Goiás segue em alerta. Em 2025, já foram notificados 134.338 casos de dengue, com 80.759 confirmações e 72 mortes confirmadas, além de outras 61 em investigação. O número representa redução de 67% em relação ao mesmo período de 2024, quando o estado enfrentou a pior epidemia da história, com 323 mil casos e 451 óbitos.
Prevenção continua essencial
Autoridades de saúde reforçam que, mesmo com a nova tecnologia, as medidas tradicionais de prevenção continuam indispensáveis. “O objetivo é substituir a população de mosquitos por aqueles com Wolbachia, que não transmitem doenças. Mas ainda é fundamental eliminar criadouros, usar repelente, roupas adequadas e bloquear casos suspeitos com bombas costais”, explicou a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.
Segundo o secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, a aposta é de longo prazo: “A Wolbachia vem somar-se a todas as estratégias já adotadas no estado. A expectativa é que, junto com a participação da sociedade, possamos reduzir de forma consistente os casos de arboviroses em Goiás”.