Censo traz levantamento sobre autismo em Anápolis

Dados apontam disparidade de gênero e maior incidência em crianças

O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e divulgado essa semana, trouxe pela primeira vez um panorama detalhado sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Em Anápolis, os dados revelam que cerca de 4.160 pessoas declararam ter diagnóstico de autismo, o que representa 1,4% da população total do município durante o recenseamento. A mesma taxa foi observada em Aparecida de Goiânia, enquanto Goiânia lidera no estado com 17.500 diagnósticos registrados.

Em Anápolis 2.612 (62,79%) que afirmaram o diagnóstico TEA são homens e 1548 (37,21%) mulheres. Em todo o estado de Goiás, 75 mil pessoas afirmaram ter recebido diagnóstico de TEA, sendo 60,39% homens (45.315) e 39,61% mulheres (29.725). No cenário nacional, o número chega a 2.405.337 pessoas, com 59,92% do sexo masculino (1.441.208) e 40,08% do sexo feminino (964.129). Esses dados, no entanto, ainda podem estar subnotificados, já que o levantamento foi feito com base na autodeclaração durante o período de coleta domiciliar, em um intervalo limitado de tempo.

Especialistas alertam que o autismo tende a ser menos diagnosticado em mulheres, pois os sintomas nelas muitas vezes são mais sutis ou socialmente mascarados, o que dificulta a identificação precoce. Esse viés de gênero no diagnóstico é observado globalmente, e reforça a necessidade de capacitação de profissionais de saúde para reconhecer as manifestações do TEA em diferentes perfis.

A prevalência do diagnóstico também foi maior entre crianças. Em Anápolis os maiores percentuais foram observados entre as faixas de 5 a 9 anos (16,88%), seguido de 0 a 4 anos (12,64%) e 10 a 14 anos (8,80%).

Em relação à educação, o Censo 2022 apontou que Goiás contava com aproximadamente 1,6 milhão de estudantes com 6 anos ou mais, dos quais cerca de 21,5 mil relataram ter diagnóstico de autismo, o que representa 1,4% dos estudantes nesse grupo etário.

Embora os dados representem um avanço significativo na compreensão da realidade das pessoas com autismo no país, especialistas destacam que ainda há margem para subnotificação, especialmente em regiões com menor acesso a serviços de saúde e diagnóstico. Isso reforça a importância da continuidade de políticas públicas voltadas à identificação precoce, ao atendimento multidisciplinar e ao acolhimento de pessoas com TEA e suas famílias.

O Censo 2022 marca um passo histórico ao incluir o autismo como item estatístico nacional, mas também lança luz sobre os desafios ainda enfrentados por essa parcela da população em Anápolis e em todo o Brasil.

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