Pouca gente imagina, mas Anápolis já foi endereço de celebridades internacionais e até de estrelas de Hollywood. Entre as décadas de 1930 e 1970, atrizes premiadas e reconhecidas pelo público norte-americano escolheram as fazendas da região como refúgio para uma vida tranquila, longe do assédio da imprensa e dos holofotes de Los Angeles.
A primeira delas foi Joan Lowell, atriz e escritora americana que atuou no clássico The Gold Rush (1925), de Charlie Chaplin. Em 1936, após se casar com o capitão Leek Bowen, ela se mudou para o Brasil e fixou residência em Anápolis. Conhecida pelos moradores como “Dona Joana”, Joan escreveu o livro Promised Land inspirado em sua experiência no Cerrado e chegou a negociar terras na região, atraindo outros estrangeiros para investir na cidade.
Na década de 1950, foi a vez da premiada Janet Gaynor, primeira vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 1929, por filmes como 7th Heaven e Sunrise. Casada com o figurinista Gilbert Adrian, ela comprou uma fazenda próxima a Anápolis, onde viveu por alguns anos. A propriedade ficou conhecida como “The Amazon” e, entre os vizinhos, ganhou o apelido de “Palácio da Bela Adormecida”, tornando-se uma espécie de retiro paradisíaco.
Outra estrela que se encantou pelo Cerrado foi Mary Martin, ícone da Broadway eternizada como Peter Pan. A atriz visitou a região a convite de Janet Gaynor e acabou adquirindo, junto com o marido Richard Halliday, a “Fazenda Halliday”, onde morou por quase duas décadas. O local tornou-se ponto de encontro de amigos famosos e até de figuras políticas, como Ronald Reagan, que visitou a propriedade antes de se tornar presidente dos Estados Unidos.
As histórias dessas atrizes, hoje resgatadas em pesquisas e documentários como Hollywood no Cerrado, revelam uma faceta surpreendente de Anápolis. A cidade, conhecida por seu peso econômico e histórico em Goiás, também carrega um passado glamouroso, quando foi cenário da vida privada de estrelas que trocaram os tapetes vermelhos pela tranquilidade do interior brasileiro.