A história de Anápolis, anteriormente conhecida como Santana das Antas, está intrinsecamente conectada ao Ribeirão das Antas, que serve como testemunho vivo do nascimento e desenvolvimento contínuo da cidade. A relevância desse curso d’água ao longo dos anos, aliada aos desafios decorrentes da antropização e expansão urbana, torna-se evidente em pesquisas e estudos ambientais, proporcionando uma compreensão mais profunda dos impactos sobre o meio ambiente local.
Durante sua jornada de Pirenópolis para Silvânia em 1819, o naturalista Auguste de Saint-Hilaire registrou a presença marcante do Ribeirão das Antas na Fazenda das Antas, destacando não apenas sua beleza natural, mas também os indícios iniciais de atividades econômicas na região. Contudo, ao longo da história de Anápolis, o crescimento urbano emergiu como fator preponderante, desencadeando uma série de desafios ambientais.
A expansão da cidade ao redor do Ribeirão das Antas revelou problemas decorrentes da antropização, como o desmatamento e a ocupação desordenada das margens do curso d’água. Estudos detalhados indicam que o desmatamento indiscriminado não apenas alterou a paisagem natural, mas também resultou na perda de habitats críticos para a biodiversidade local.
Além disso, a poluição do Ribeirão das Antas se tornou uma questão central, com análises ambientais apontando para a presença de resíduos industriais e domésticos. Essa contaminação compromete não apenas a qualidade da água, mas também representa ameaças à saúde humana e ao equilíbrio do ecossistema aquático. O desmatamento ao longo das margens contribuiu significativamente para o assoreamento do ribeirão, resultando em impactos negativos na dinâmica fluvial e na qualidade da água. Adicionalmente, erosões exacerbadas nas margens do Ribeirão das Antas têm comprometido a estabilidade do curso d’água, aumentando a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos.
Em resposta a esses desafios, são poucos os esforços e projetos da administração pública municipal buscando equilibrar o desenvolvimento urbano com a conservação ambiental. A história de Anápolis, desde Santana das Antas até os dias atuais, ressalta a necessidade urgente de adotar práticas sustentáveis para garantir a preservação do Ribeirão das Antas e o bem-estar da comunidade local.
Vanessa Vieira, é Biologa, Doutora em Ciência animal na área de Cirurgia, Patologia animal e Clínica médica – pela Universidade Federal de Goiás. Mestre em Ciências Veterinárias na área de Saúde Animal – pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora da Faculdade Metropolitana de Anápolis – FAMA. (Artigo especial publicado toda sexta-feira)