Anápolis é, até o momento, um dos municípios com maior número absoluto de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025 na região dos Pireneus, em Goiás. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), a cidade contabiliza 725 registros da doença, o que representa 88,32% de todos os casos registrados nessa microrregião, que inclui cidades como Pirenópolis, Abadiânia e Goianápolis.
Proporcionalmente, Anápolis também ocupa posição de destaque, com 187,07 casos para cada 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Aporé e Abadia de Goiás. O número já supera inclusive o da capital, Goiânia, que soma 635 casos registrados no mesmo período.
A situação preocupa especialistas e autoridades de saúde. O crescimento acelerado da doença em todo o estado está pressionando o sistema hospitalar, especialmente as unidades de terapia intensiva (UTIs), que operam próximas ao limite. Há risco iminente de colapso caso a tendência de aumento se mantenha.
Segundo a SES-GO, houve um crescimento de 26% nos casos de SRAG em todo o estado nas últimas semanas, quando comparado ao mesmo período de 2024. Crianças menores de dois anos e idosos acima de 60 são os grupos mais afetados. A bronquiolite, inflamação aguda das vias aéreas inferiores, tem sido uma das principais complicações entre os pequenos, enquanto os idosos representam a maioria das internações e óbitos.
O clima seco do outono e o aumento do tempo em ambientes fechados favorecem a disseminação de vírus respiratórios, como os da Influenza A e B, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e o SARS-CoV-2 (causador da Covid-19). Esses patógenos são os principais responsáveis pelo desenvolvimento da SRAG, uma condição clínica grave caracterizada por febre, tosse intensa, dificuldade para respirar e, nos casos mais graves, baixa oxigenação e necessidade de hospitalização.
A pediatra Mirna de Sousa, da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que crianças pequenas estão entre os mais vulneráveis por ainda não terem o sistema imunológico completamente desenvolvido. “É fundamental a vacinação para reduzir o risco de complicações”, destaca.
A vacinação contra a influenza em Anápolis segue em ritmo preocupantemente lento. Segundo dados da Gerência de Imunização do município, a procura pela vacina está bem abaixo do esperado especialmente entre os grupos prioritários. A baixa adesão à vacinação é um fator agravante, pois a imunização é considerada a principal estratégia de prevenção de hospitalizações e mortes.
A vacina contra a influenza disponível na rede pública protege contra os três principais vírus circulantes: H1N1, H3N2 e Influenza B. Além da gripe, a vacinação contra a Covid-19 também é recomendada, especialmente para idosos, imunossuprimidos, gestantes e crianças.