Nesta quarta-feira (23), o coração de Anápolis vai pulsar mais forte ao som dos tambores, das poesias e das histórias de resistência que ecoam há séculos. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a tradicional Quarta Cultural assume um tom especial no Teatro Municipal. A partir das 19h, o espaço se transforma em um grande encontro de culturas, memórias e afetos, tudo com entrada gratuita e aberto à participação da comunidade.
Mais que um evento, trata-se de um tributo vivo às mulheres negras que constroem, sustentam e inspiram nossa sociedade. Com apoio da Prefeitura de Anápolis e parceria do COMPIR (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial), a programação abraça música, teatro, dança, poesia, fotografia e uma feira cultural com sabores e saberes de várias raízes.
Ao longo da noite, o palco será ocupado por artistas que não apenas se apresentam, mas compartilham vivências. É o caso das Sambadeiras do Cerrado, grupo formado por mulheres que resgatam o samba de roda com orgulho e propósito. Ou da professora e cantora Loide Oliveira, que leva ao público o projeto “Trilhas de Resistência”, costurando arte e educação como ferramentas de transformação social.
A Cia Corá propõe um mergulho nos ciclos da vida com sua dança circular. Já a Companhia Anapolina de Teatro apresenta “Não Estou Sozinha”, espetáculo que, mesmo sem palavras, grita a dor, a força e a presença da mulher negra. A noite também contará com a energia ancestral do Afoxé Onã L’ayó e os sons contagiantes da Banda Kalangorin, premiada no Festival de Música de Anápolis.
Na área externa do teatro, além de uma praça gastronômica com sabores diversos, o público poderá visitar a exposição fotográfica “Brasil & Angola – Estreitando Laços”, que revela o olhar sensível de jovens sobre o intercâmbio entre culturas irmãs.
A inspiração maior da noite vem da história de Tereza de Benguela, mulher negra e líder quilombola que, no século XVIII, comandou o Quilombo do Quariterê. Sua coragem e visão política a tornaram símbolo de resistência, e seu legado é celebrado oficialmente no dia 25 de julho em todo o país.
Mais do que um momento de celebração, a Quarta Cultural desta semana é um convite ao reconhecimento: de que a história das mulheres negras é feita de resistência, mas também de arte, beleza, criatividade e esperança. E que a cidade de Anápolis tem muito a ganhar ao ouvi-las, valorizá-las e caminhar ao lado delas.