OPINIÃO: Já havia lhes dito que, nós, torcedores da Rubra, somos diferentes. Enquanto os outros têm um time, uma agremiação para torcer, nós temos uma paixão para cultivar. O que nem mesmo eu, que já nasci torcedor da Rubra, sabia é que nossa ligação com o time vai muito além da paixão. Somos, quando sentados; de pé, ouvido colado no rádio, aqui no “Jonas Duarte” ou num campo de peladas de Iporá, transformados em loucos, sempre que o manto sagrado alvirrubro entra em campo. Somos, mais que apaixonados, viciados na Xata.
Aquele que não torce pela Anapolina haverá de dizer que todos os torcedores assim se comportam, são apaixonados pelos seus times. E eu lhes digo que estes são tolos, nada entendem de paixão, de vício. Onde já se viu comparar o que sentimos pela Rubra com a torcida sem graça de outros times de futebol? Times de futebol ganham; perdem, empatam… Normal! Nós somos anormais, o ponto fora da curva. Sofremos muito com as derrotas, mas diferente dos outros, também sofremos com as vitórias, na maioria das vezes, arrancadas com muito suor e com diferença mínima de placar. Mas, acreditem, não reclamamos do sofrimento. Antes, ao contrário, conseguimos arrancar poesia destes momentos de tensão, dor, desespero.
Torcedor da Rubra sabe falar mal; xingar (xingamos todos, o juiz, sempre parcial contra o nosso time), mas xingamos, também, o treinador, uma besta quando perde, entretanto, como diriam os portugueses, bestial quando ganha. Todos os nossos goleiros falham. Mas todos, também, aprendem a fazer defesas impossíveis, principalmente no último minuto da partida. Nossos laterais, às vezes, avançam quando precisam defender, levam bolas nas costas, mas impulsionados pelo bando de fanáticos que torcem pela Xata avançam, sempre, em direção ao gol adversário. Todos os nossos zagueiros são beques de roça, mas têm o divino faro de gol. Na frente, todos sabem errar gols fáceis, e, sabem fazer gols espíritas, impossíveis. Como é triste torcer por times em que as peças não falham! Nós da Rubra falhamos, pois somos, acreditem, humanos. Não somos fora de série, galácticos ou qualquer outra coisa que remeta ao extra-terrestre. Não temos Neymares, Messis, Ronaldos, Iniestas ou jogadores que nasceram em outras galáxias. Nossos heróis são comuns,sao Arturs, esquerdinhas, davis, tanques, gregories.
Falam que não temos títulos e lhes digo, quem se importa? Afinal, temos um time que, nas quartas e domingos, nos faz chorar; sorrir; gritar, xingar. Nosso time nos arregala os olhos, altera o ritmo de nosso coração transformando o ritmo sonolento de 80 batidas em um ritmo frenético e taquicárdico de 120, 150 batimentos por minuto. Muito melhor do que ganhar um simples campeonato, nossos sonhos, nossa pretensão não se extingue com uma conquista. Melhor que outros ganhem. Afinal, somos diferentes, muito diferentes. Nossos torcedores são solidários. Alguns deles acham que somente vão morrer quando a Rubra for campeã e, como não queremos que eles morram, nos contentamos em jogar, participar. Nossa paixão é incondicional, não dura 90 minutos, transcende um campeonato. Paixão que, como já disse com outras letras e palavras, causa prazer, mas também causa dor, nos mantém vivos, nos faz sofrer, mas nos enche, repito, uma vez mais, de prazer. Podemos admirar outro time, mas o que nos faz sofrer, chorar e sorrir é a Xata.
Em resumo: diferente de outras torcidas, nós entendemos de futebol. Por isto, treinamos nosso time, defendemos com nossos goleiros e zagueiros, armamos com nossos meias e fazemos gols como nossos atacantes. Somos, como afirma a TOR, nossa maior organizada, um time do povo, e, uma torcida que não se explica, diferente, sofrida e apaixonada. Somos da Rubra, somos da Xata, muito prazer!
Elias Hanna é médico e torcedor de arquibancada apaixonado pela Associação Atlética Anapolina
