Muito antes das salas de aula ganharem lousas modernas e carteiras enfileiradas, Anápolis dava seus primeiros passos rumo ao futuro pela porta da educação. Era 1867 quando, ainda uma pequena vila em formação, a cidade inaugurava sua primeira escola: a Escola de Primeiras Letras. Modesta, quase sempre com aulas conduzidas por mestres particulares ou pelo clero, essa pequena sala foi o berço onde muitos anapolinos começaram a escrever suas histórias, literalmente. Ali, entre alfabetos rabiscados e as primeiras contas, nascia o sonho de um ensino mais justo e acessível.
Décadas depois, com a cidade crescendo e a educação se tornando uma necessidade urgente para a população em expansão, um novo capítulo começou a ser escrito. Em 18 de março de 1926, foi inaugurado o Grupo Escolar Dr. Brasil Caiado, um verdadeiro marco para a época. Localizado na antiga Praça Moisés Sant’Anna, hoje Praça das Mães, o prédio abrigava a primeira escola pública organizada de Anápolis. Mais do que tijolos e cimento, ele representava um projeto de futuro. Com mais salas, professores preparados e estrutura para receber um número maior de crianças, era como se a cidade finalmente dissesse, em voz firme: a educação importa.
O nome da escola prestava homenagem ao médico e político local Dr. Brasil Caiado, reconhecido por seu papel na história regional. Mas a escola, com o passar do tempo, cresceu mais rápido que seus muros poderiam conter. Em novembro de 1930, passou a se chamar Grupo Escolar 24 de Outubro e, em 1942, teve início a construção de uma nova sede, erguida onde antes funcionava a antiga cadeia pública, na mesma Praça Sant’Anna. Em agosto de 1945, os alunos já ocupavam as salas do novo prédio, moderno para os padrões da época e símbolo claro de progresso.

A escola ganharia ainda um novo nome, carregado de emoção e memória. Em 19 de junho de 1948, ela passou a homenagear Antesina Sant’Anna, filha de Moisés Augusto de Sant’Anna e esposa do médico Dr. Nicanor de Faria. Antesina faleceu jovem, em 1931, mas deixou marcas profundas na comunidade. Ao nomeá-la como símbolo da escola, a cidade eternizou não apenas uma figura querida, mas também a força silenciosa das mulheres que ajudaram a construir Anápolis com dedicação, afeto e presença.
A história da educação anapolina é feita desses gestos de visão, de coragem, de memória. Se a Escola de Primeiras Letras foi a semente, o Grupo Escolar Brasil Caiado e suas transformações foram raízes que fincaram fundo no solo fértil da cidade, sustentando gerações de estudantes. Mais que prédios, foram espaços de sonhos.
A imagem que acompanha esse relato, de autor desconhecido, integra o acervo do Museu Histórico e Arquivo de Barretos (MHABC). É um retrato silencioso, mas eloquente, de um tempo em que cada caderno aberto era um novo mundo à espera de ser descoberto.