13 de Maio: liberdade inacabada e o avanço das cotas raciais em Goiás

Data da abolição da escravidão levanta reflexões sobre desigualdade racial, enquanto o governo de Goiás dá um passo importante ao reservar 20% das vagas em concursos públicos para pessoas negras

O 13 de maio, oficialmente lembrado como o dia da abolição da escravatura no Brasil, ainda hoje carrega significados ambíguos. Para boa parte da população negra, a assinatura da Lei Áurea em 1888 representa menos a liberdade plena e mais o abandono institucional. Libertos, mas sem qualquer suporte, milhões de homens e mulheres negros foram deixados à margem da sociedade, sem-terra, trabalho digno ou acesso à educação.

Mais de um século depois, os efeitos dessa exclusão histórica ainda são sentidos. A desigualdade racial está presente nos dados econômicos, no acesso ao ensino superior, nos salários e nas oportunidades de emprego. Pessoas negras, em média, continuam ganhando menos, enfrentando mais obstáculos para conseguir trabalho e são maioria nas ocupações mais precárias e informais.

Em meio a esse cenário, o governo de Goiás deu um passo importante na tentativa de corrigir essa distorção estrutural. Uma nova lei, recentemente sancionada, reserva 20% das vagas em concursos públicos estaduais para candidatos negros. A medida representa um avanço significativo no processo de reparação histórica e de promoção da igualdade racial no serviço público.

Segundo o secretário de Estado da Administração de Goiás, a iniciativa carrega um forte simbolismo, mas também um compromisso real com a mudança. “Esta ação representa um compromisso do governo com a justiça social e a equidade. Estamos corrigindo uma distorção histórica e abrindo portas para que mais negros e negras possam contribuir com sua competência e dedicação no serviço público”, afirmou.

As cotas raciais não constituem um privilégio, mas sim uma resposta concreta a um problema que o país historicamente se recusou a enfrentar. Elas visam garantir que a população negra tenha acesso a espaços que sempre lhe foram negados incluindo os concursos públicos, que historicamente refletem a exclusão social.

Neste 13 de maio, mais do que comemorar uma liberdade incompleta, é preciso reconhecer a necessidade de continuar lutando por igualdade real. A reserva de vagas em Goiás é uma dessas lutas. É política pública com base na justiça, é reparação histórica, e, sobretudo, é esperança de um país mais inclusivo e plural.

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